
Nov 06, 2017
"Arte e cotidiano: o uso da beleza como instrumento de controle."
Professora: Drª. Rizzia Rocha
Resumo: Quais sentimentos a beleza é capaz de suscitar e como isso pode atuar como mecanismo de controle? O objetivo do minicurso é promover uma reflexão crítica sobre a função do belo na história da arte e como o nascimento da Estética como disciplina filosófica esteve ligado ao trabalho de compor uma legislação para produção e recepção das obras com o objetivo de refrear os impulsos artísticos até o limite de nos fazer acreditar que a arte não possui forma efetiva de interferência no mundo.
Bibliografia:
Danto, Arthur C. O descredenciamento filosófico da arte. In: _____. O descredenciamento filosófico da arte. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2014.
Nov 06, 2017
08:00-12:00
"Introdução à Crítica da Razão Pura"
Professor: Juliano Tomasel
Resumo: O minicurso Introdução à Crítica da Razão Pura tem por finalidade oferecer uma visão geral da filosofia kantiana, especialmente, da obra Crítica da Razão Pura com a intenção de fornecer, ao estudante interessado em ingressar no estudo de Kant, os principais conceitos para compreender a problemática abordada pelo autor alemão nesta obra.
Palavras-chave: Conhecimento, Experiência, Intuição, Pensamento, Transcendental.
Bibliografia:
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Trad. Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. 7 ed. Lisboa: Calouste Gulbekian, 2010.
_____. Prolegómenos a Toda Metafísica Futura que queira apresentar-se como Ciência. Trad. Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 2008.
Nov 06, 2017
13:00 - 17:00
"Literatura e Existencialismo: Sartre, Camus e Beauvoir"
Professora: Luiza Hilgert
Resumo: Eternizada pela máxima a existência precede a essência, enfatizada e repetida
por Sartre na conferência de 1945, a corrente filosófica que ficou conhecida como
existencialismo popularizou-se na década de ‘40. Albert Camus, Jean-Paul Sartre e
Simone de Beauvoir escreveram, inseridos num contexto de guerra, revolução,
resistência, niilismo, absurdidade e desespero, um tipo muito particular de filosofia e de
literatura que podem ser entendidas, ao mesmo tempo, como um espelho crítico do
mundo e uma reflexão de caráter intimista e subjetiva. O objetivo do presente minicurso
pode ser divido em, fundamentalmente, dois. O primeiro deles é apresentar as diferentes
filosofias da existência segundo a particularidade de três importantes pensadores:
Camus, Sartre e Beauvoir, a fim de examinar como cada um desemboca em outras
áreas, a saber, a política, a ética ontológica e o feminismo, respectivamente. O segundo
objetivo é o de conhecer e pensar os conceitos fundamentais da filosofia existencialista
não apenas com a filosofia, mas pela via da literatura, expressividade escolhida pelos
autores em questão e muitas vezes negligenciada pela academia. Serão lidos, analisados
e debatidos trechos das obras selecionadas na bibliografia a fim de fazer surgir do texto
os elementos próprios do existencialismo a fim de desvelarmos as semelhanças, as
diferenças e, sobretudo, as singularidades de cada autor/autora.
Palavras-chave: Desamparo, desespero, angústia, absurdo.
Bibliografia:
BEAUVOIR, Simone de. A mulher desiludida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
______. O sangue dos outros. Sao Paulo: Difusao Europeia do Livro, 1969. 217p.
______. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
______. Todos os homens são mortais. 2. ed. -. Sao Paulo: Difusao Europeia do Livro,
1960.
CAMUS, Albert. Calígula: peça em quatro atos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1963.
______. O estrangeiro. São Paulo: Abril Cultural, 1972.
______. O homem revoltado. Lisboa: Livros do Brasil, 1951.
______. O mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo. 2. ed. -. Rio de Janeiro: Guanabara,
1985.
SARTRE, Jean-Paul. A idade da razão. São Paulo: Abril Cultural, 1972.
______. A náusea. São Paulo: Círculo do Livro, 1986.
______. As moscas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.
______. Entre quatro paredes. São Paulo: Abril Cultural, 1977.
______. O muro. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 1957.
Nov 07, 2017
08:00 - 12:00
"Elaboração do passado” e “Negação determinada”: considerações filosóficas a partir de Theodor Adorno"
Professor: Dr. Robson Loureiro
Resumo: Ruínas – materiais, morais, afetivas – que sugerem ressentimentos acumulados, feridas abertas e
traumas nunca enfrentados: o crescimento dos movimentos neonazistas/neofascistas tem sido uma
realidade na Europa, Estados Unidos e em diversos países da América Latina. No Brasil, o movimento
“Escola sem Partido” faz lembrar a ideologia nazifascista, cujo início mais sistematizado ocorreu na
Alemanha e na Itália, logo após o final da Primeira Guerra Mundial e percorreu toda as décadas de
1920/30. Nesse período, não apenas Itália, Alemanha e Japão expressaram seus preceitos ideológicos
de extrema direita: essa também foi a realidade da ditadura fascista liderada pelo General Francisco
Franco, na Espanha, que durou de 1939 a 1975; do nazifascismo em Portugal, que iniciou em 1932
e, em tese, acabou em 1974, com a Revolução dos Cravos; da “Ditadura dos Coronéis”, na Grécia,
entre 1967 e 1974; do Apartheid, na África do Sul, que durou de 1949 a 1994; dos regimes militares
na América Latina, nas décadas de 1960, 1970 e 1980. São inúmeros os exemplos passíveis de serem
citados. A tese que se defende é que a ideologia nazifascista não foi soterrada com a vitória das Forças
Aliadas que se uniram para combater os países do Eixo, em especial Alemanha, Itália e Japão. No
caso da Segunda Guerra Mundial, alguns historiadores (EVANS, 1989; HOBSBAWN, 1995)
afirmam que morreram entorno de 50 a 60 milhões de pessoas. A quase totalidade das cidades alemãs
e italianas viraram ruínas. Houve, ao menos na Alemanha, um Programa de Desnazificação, mas,
apesar de aparentemente ter sido um Programa bem intencionado, tudo indica que foi um fiasco, em
termos de concretização e, por que não considerar, um fracasso, do ponto de vista do escopo proposto
pelos países Aliados. Para tratar dessa temática, recorre-se ao conceito de Aufarbeitung der
Vergangenheit – elaboração do passado (ADONO, 2010), em contraposição a
Aufarbeitungsbewältigung – lidar com o passado. O que aqui se defende é que compreender o
Programa de Desnazificação, por meio do conceito de elaboração do passado, de Adorno, pode ajudar
a esclarecer o fenômeno do nazifascismo em diversos outros contextos geopolíticos. Esse conceito
relaciona-se ao uso da memória histórica (coletiva) e se diferencia do conceito de supressão ou
repressão, que tem a ver com aspectos sociais e pessoais conscientes e inconscientes dos processos
de coerção. Por repressão, entende-se uma negação abstrata do conteúdo do trauma que tende a
suprimir a verdade, que eventualmente pode acarretar em sintomas (xenofobia, homofobia,
misoginia, etc.). De forma contrária, elaborar o passado pressupõe uma negação determinada, ou
seja, permitir uma aproximação com a memória do conteúdo de verdade que ocasionou o trauma de
modo a se trabalhar com as feridas, ainda abertas. Isso significa promover, tanto no nível privado
como no âmbito da esfera pública, uma elaboração honesta sobre tudo aquilo se quer evitar, pois o
fenômeno do esquecimento do passado tem a ver, principalmente, com as sociedades administradas.
O desejo de se libertar do passado é ambíguo, porque “[...] não é possível viver à sua sombra e o
terror não tem fim quando culpa e violência precisam ser pagas com culpa e violência; e não se
justifica porque o passado de que se quer escapar ainda permanece vivo. O nazismo sobrevive, e
continuamos sem saber se o faz apenas como fantasma daquilo que foi tão monstruoso a ponto de não
sucumbir à própria morte, ou se a disposição pelo indizível permanece presente nos homens bem
como nas condições (objetivas – gf. meu) que o cercam (ADORNO, 2010, p. 213-214).
Bibliografia:
ADORNO, Theodor W. The meaning of working through the past. In: ______. Guilt and Defense:
on the legacies of National Socialism in Postwar Germany. Jeffrey K. Olick; Andrew J. Perrin
(Edited). Tranlated by Henry W. Pickford. Harvard University Press, 2010, p. 213-228.
EVANS, Richard J. In Hitler ́s Shadow: West German Historians and the Attempt to Escape from
Nazi Past. London: I.B. Tauris, 1989.
HOBSBAWM, Eric. Age of Extremes: The short Twentieth Century – 1914-1991. London: Abacus,
1995.
Nov 08, 2017
08:00 - 12:00
"A Filosofia Africana e a Retomada da Iniciativa Histórica"
Professor: Ms. Luís Thiago Freire Dantas
Resumo: A história da filosofia é construída, em diversos currículos, através de uma similaridade que condicionam uma estrutura: a filosofia é ocidental. A partir dessa estrutura, a narrativa predominante desenvolve temas e questões que excluem outras vozes e, por consequência, impossibilita um diálogo entre perspectivas. Atento a esse problema, este minicurso pretende apresentar um diálogo com a filosofia africana de maneira que permite problematizar a história da filosofia como uma atividade contínua de descolonização. Desse modo, a intenção é atravessar alguns temas recorrentes na filosofia africana com a finalidade de ampliar as vozes que uma história da filosofia é capaz de abarcar.
Nov 09, 2017
13:00 - -17:00
"Introdução ao pensamento de Alain Badiou"
Professor: Gabriel Tupinambá
Resumo: O objetivo do mini-curso é apresentar os desafios que guiam o projeto de Alain Badiou, tanto do
ponto de vista da ontologia quanto de sua teoria do sujeito, com foco privilegiado às críticas
dirigidas contra à filosofia pela arte, a psicanálise, a ciência e a política. Buscaremos, a partir daí,
reconstruir as categorias principais do sistema de Badiou, demonstrando que seu projeto
atravessou - ao invés de meramente refutar - as críticas levantadas contra filosofia clássica e
moderna.
Estrutura:
O minicurso será dividido em duas apresentações:
Dia 1: Ontologia
1. Considerações metodológicas
2. Breve biografia intelectual de Badiou
3. O conceito de ontologia
a. A ontologia pode ser um discurso?
b. Ontologia, de Platão a Heideger
c. Matemática, de Cantor a Cohen
Dia 2: Sujeito
1. Considerações metodológicas
2. O conceito de sujeito
a. O sujeito pode ter consistência?
b. Genericidade, de Rousseau a Marx
c. Sujeito de Descartes a Lacan
3. O conceito de pensamento
a. Que corpo pode pensar?
b. Produção, de Marx a Althusser
c. Formalismo, de Frege a Agamben
Bibliografia:
A bibliografia recomendada para os participantes é o livro Manifesto pela Filosofia (AOutra, 1991).
Segue abaixo, no entanto, a bibliografia comentada ao longo do minicurso:
De Badiou:
A hipótese comunista
Pequeno panteão portátil
Teoria del Sujeto
Ser e Evento
Logique des Mondes
Conditions
Adventures in French Philosophy
Outros:
Parmênides, Platão
Badiou’s Being and Event and the Mathematics of Set Theory, Baki
Do Contrato Social, Rousseau
Enciclopédia da Lógica, Hegel
Ciência da Lógica, Hegel
Essência do Cristianismo, Feuerbach
Manuscritos Econômico-Filosóficos, Marx
Capital, Marx
Architecture as Metaphor, Karatani
Escritos, Lacan
Reprodução, Althusser
From Frege to Godel, van Heijenoort
Nov 10, 2017
08:00 - 12:00 / 13:00 - 17:00
"O niilismo europeu no Brasil: Nietzsche à luz de Machado de Assis"
Professor: Vitor Cei
Resumo:
O primeiro filósofo que se dedicou a pensar o niilismo europeu como um dos conceitos centrais de sua obra foi Friedrich W. Nietzsche, autor que, segundo José Verissimo, no primeiro quinquênio do século XX começou se tornou uma verdadeira moda na cena intelectual brasileira. Ainda que o filósofo alemão não tenha feito nenhum estudo sistemático sobre o niilismo, apresentando suas reflexões sobre o problema em trechos esparsos de suas obras e fragmentos póstumos, consagrou-se como o autor oitocentista a partir do qual a reflexão sobre o niilismo alcançou seu mais alto grau. O niilismo europeu, a despeito de sua intenção de abrangência universal, quiçá fizesse no Brasil oitocentista efeito de ideologia estrangeira, localizada e relativa – uma ideia fora do lugar, como diria Roberto Schwarz. Nietzsche também já alertava para a intrínseca relação entre conceito e contexto e os riscos da descontextualização. Se costumeiramente a comunidade científica compreende os termos europeu e ocidental como sinônimos, enquadrando maquinalmente as ex-colônias europeias no mundo ocidental, o filósofo alemão distinguia o “niilismo europeu” do niilismo budista e do niilismo russo, admitindo que o fenômeno não possui uma história universal. Pensemos, pois, o niilismo à brasileira. O primeiro autor nacional a dedicar-se ao tema foi Machado de Assis. Por um lado, o escritor ousa quebrar os nexos de cumplicidade com o aparato conceitual da filosofia europeia. Por outro, as ações e inações dos protagonistas dos romances machadianos, Brás Cubas, Rubião Alvarenga, Bento Santiago e Conselheiro Aires, que se esgarçam sem rumo e sem avanço efetivo, se prestam ao realce do fenômeno do niilismo europeu. Embora o niilismo na obra do escritor brasileiro apresente várias afinidades eletivas com o niilismo europeu, ele estrutura-se a partir de questões machadianas específicas que percorrem toda a sua obra.
Palavras-chave: ideias fora do lugar, niilismo, galhofa.